Bispo nega que corpo de Carlo Acutis esteja incorrupto
O rosto do futuro beato recebeu uma máscara de silicone; jovem de 15 anos será beatificado no dia 10 de outubro na Itália
Pâmela Lima
Em 06/10/2020 09h20

Beatificação - Muitos fiéis ficaram impressionados com as fotos que circularam na internet do futuro beato Carlo Acutis em jeans e camiseta na semana passada e acreditaram que o estado de conservação do corpo implicaria que ele seria incorruptível. O jovem de 15 anos conhecido como "influencer de Deus" será beatificado no dia 10 de outubro, em Assis, na Itália.
Atualmente, a Igreja Católica reconhece mais de 100 santos ou beatos incorruptos. No entanto, não é o caso de Acutis. O Bispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino, explicou que o corpo do adolescente está intacto, mas “se encontrou no estado normal de transformação típico da condição cadavérica”.
Acutis recebeu uma máscara de silicone para reconstrução do rosto, o que causou a confusão nas redes sociais. O futuro beato faleceu em 2006 em função de uma leucemia. O corpo dele está em exposição no Santuário da Expoliação, onde deve permanecer para veneração até o dia 17 de outubro.
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Incorrupto
Um corpo é reconhecido como incorrupto quando ele é preservado da decomposição sem uma causa que a explique, como o embalsamento ou a mumificação. O papa Bento XIV, antes de assumir o pontificado, dedicou dois capítulos ao tema no início do século XVIII. Ele afirmou que “as únicas conservações que estava disposto a considerar extraordinárias são aquelas que conservam a sua flexibilidade, cor e frescura real, sem uma intervenção deliberada, durante muitos anos depois de sua morte”, escreveu o papa.
Alguns exemplos de corpos incorruptos que preservaram a flexibilidade é o de São João da Cruz, que morreu em 1591, e de São Charbel Makhlouf, monge libanês morto em 1898. No dois casos, os corpos ainda exalaram um odor perfumado, fenômeno típico dos santos incorruptíveis, e há relatos de que uma luz brilhante emanou do túmulo do monge.
Ao longo da história, com o aperfeiçoamento da tecnologia, a Igreja identificou outras explicações para a condição de alguns corpos tidos como incorruptos. Cientistas italianos descobriram na década de 1980 que a santa toscana do século 13, Margarida de Cortona, recebeu embalsamamento extensivo e outras intervenções após a morte.
A escritora Joan Carroll Cruz analisou casos de corpos incorruptos e escreveu o livro “Os incorruptos”, de 1977, sobre o resultado da pesquisa. Segundo ela, apenas cerca de 1% dos 102 incorruptos que identificou passaram por algum tipo de intervenção. A escritora explicou que a mumificação natural, uma das características do cadáver, deixa o corpo enrijecido, o que não ocorreu com os santos incorruptos. Ela, inclusive, cita que corpos de muitos santos estavam sepultados em túmulos de barro ou caixões de madeira. O corpo de São Charbel, por exemplo, foi encontrado boiando no barro.
Com informações da ACI Digital